O que esperar do trabalho no futuro?

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

A pandemia do novo coronavírus alterou a forma como trabalhamos, mas qual o impacto dessas mudanças e quais delas deverão permanecer no futuro pós-covid-19? O tema esteve em debate na Semana da Transformação Digital, no painel “O que esperar do trabalho no futuro?”, apresentado por Jean-Marc Laouchez, presidente do Instituto Korn Ferry, com a moderação de Renato Soares, head da Tack TMI Brazil.

Sobre os aprendizados advindos da pandemia de covid-19, Jean-Marc destacou que descobrimos que o vírus não opera de forma transacional, mas com o efeito rede. Isso explica como tão rapidamente conquistou o mundo e vem dificultando as nossas vidas até hoje. Como qualquer outro vírus, o novo coronavírus tem como propósito sobreviver e se expandir. Quando encontra barreiras, como o distanciamento social e o uso de máscaras pelas pessoas, exercita o que no mundo de negócios chamamos de learning agility, ou seja, desenvolve variantes. Portanto, como seres humanos, temos de usar a sabedoria e a inteligência para decidir o que fazer não só contra o vírus, mas para nos adaptar e sair dessa crise de uma forma efetiva.

“Observamos três tipos de estratégias de saída da pandemia para as pessoas e organizações: aceleração, por meio da operação em redes e plataformas; adaptação, provavelmente o que a maioria das empresas está fazendo agora, procurando desenvolver novas habilidades, em particular com relação à tecnologia; e desejo de volta ao normal por líderes e executivos que falam para esquecer a pandemia e voltar a tudo como era antes de 2020”, analisou Jean-Marc.

O novo futuro do trabalho

Ele falou de algumas tendências que se sobressaíram nesses tempos de pandemia: líderes com propósito, para preservar a saúde dos colaboradores ou o negócio deles, que empoderaram as pessoas para fazer o que tinham de fazer; organizações que se tornaram mais flexíveis; acréscimo de trabalho para resolver assuntos da pandemia; e resolução de muitos desafios através de comunidades de negócios, sociais ou de família.

“Temos um cenário que aponta que, no futuro, essas mudanças vão continuar porque as condições existem: gerações nascidas de forma digital, maior consciência e senso de propósito, tecnologias que ajudam a enfrentar os desafios, como meio ambiente e trabalho”, destacou Jean-Marc. “Além disso, há empresas com dinheiro disponível para inovar e investir em blockchain, robótica e outras funções.”

No entanto, ele enumerou uma série de desafios, de possíveis barreiras a esse futuro: alterações climáticas, stress e problemas de saúde mental; uso indevido da tecnologia de forma a não ajudar no desenvolvimento da sociedade; resistência à mudança (um dos principais) e a necessidade de controle, com líderes querendo voltar ao modelo antigo, no qual eles estavam no controle. “Por isso é bom ter uma organização flexível e adaptável como vimos durante a pandemia.”

Diante desse cenário, Jean-Marc falou de um dos principais desafios do RH na atualidade: mudar o mindset para atuar de forma mais efetiva com as tecnologias digitais. “Temos que considerar duas dimensões importantes. A primeira é entender essa dimensão analítica, para que servem os dados. Temos visto muitos usos imediatos, como a medição de turnover ou medição de engajamento, porém com muito mais dados e capacidade de ter o pulso da organização, a questão é o que fazer com esses insights, para, de fato, mudar a organização e acelerar a transformação.”

Outra questão, para o painelista, é conectar pessoas com o valor de negócio. A Tesla tem muito valor associado ao ecossistema de inovação, mas tem também o valor dos talentos extraordinários que permitem fazer coisas que sem eles não teria condição de fazer. “Qual é o valor desses recursos humanos? O quanto o valor da sua empresa vem das pessoas e como aumentar esse valor. A resposta é contratar pessoas com novas habilidades, estabelecer novas conexões, com mais compartilhamento e mais uso das competências que já temos.”

Jean-Marc não enxerga diferenças no estágio de transformação digital entre diferentes países. “Não é um assunto de países, mas um assunto de liderança. Em todos existem líderes e empresas que estão à frente desse movimento e outros querendo voltar para o que era antes”, concluiu.

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (27 de Setembro de 2021)

ABRH-SP

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